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Bolsonaro e o seu compromisso consigo mesmo
Atualizado: 7 de Out de 2020
Eleitorado de Jair Bolsonaro o acusa de traidor
Outubro 5, 2020

Bolsonaro exibe a caneta bic que nomeou Kássio Nunes ao STF
Por Silvana Marta
Nada como um dia após o outro. Com o passar do tempo, com o convívio, descobrimos quem é quem de verdade. As máscaras caem e a fala distorcida parece desnuda e nem tão enganadora como outrora.
Assim é Bolsonaro.
Mas todos sabiam como ele era. Então tá tudo certo - mas não para seus eleitores de ultra-direita que viram nele (como os desavisados vêem nos políticos em todas as eleições) o salvador da pátria. O patriota. Aquele que mudaria os rumos deste país para sempre.
Entretanto, o eleitor de bolsonaro teve que engolir os acordos do seu presidente com o Centrão (Congresso Nacional). Mas o chato mesmo é que Bolsonaro, em seu governo, potencializou as ações do Partido dos Trabalhadores (PT): Pasmem!
Na pandemia, foi salvo pelo auxílio emergencial, e descobriu que nada melhor para garantir votos do que dinheiro assistencialista.
Renda cidadã
O governo federal quer pelo menos R$ 25 bilhões a mais do que o Bolsa Família para injetar no seu programa assistencialista Renda Cidadã.
Márcio Bittar, relator da PEC do Renda Cidadã revelou que o governo reservou pelo menos R$ 34,8 bilhões para gastar com o Bolsa Família - logo essa gente que chegou ao poder prometendo acabar com tudo que o PT fez…
Segundo o senador, o valor do benefício vai ficar, em um primeiro momento, entre R$ 200 e R$ 300. A ideia é que o Renda Cidadã substitua o Bolsa Família, que hoje paga, em média, R$ 191. No entanto, esse valor transferido às famílias de baixa renda aumentará ao longo dos anos, conforme o espaço no Orçamento do governo federal crescer. O montante pode quase dobrar em relação ao atual.
Em 2021, o governo reservou R$ 34,8 bilhões para gastar com o Bolsa Família, segundo o projeto de lei orçamentária anual (PLOA), nem que para isso o governo Bolsonaro acabe com o desconto de 20% no imposto de renda que é concedido automaticamente para contribuintes que fazem a declaração simplificada do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF).
A indicação Kássio Nunes ao STF

Kássio Marques é a escolha do presidente Bolsonaro à Suprema Corte
O desembargador piauiense Kássio Nunes Marques, de 48 anos, assumirá a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) com a aposentadoria antecipada do decano Celso de Mello.
Além da larga experiência como advogado e desembargador eleitoral no Piauí, o magistrado compõe, há nove anos e por indicação da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), os quadros do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) – o maior do País em jurisdição territorial, responsável por 13 Estados além da capital federal, onde está sediado.
Ele tem currículo vasto e técnico. Desde que assumiu o posto, integrou sessões de Direito Previdenciário, Administrativo e Tributário, além de ter ocupado a cadeira de vice-presidente do Tribunal.
Segundo os colegas do judiciário, a indicação é irretocável: “É uma excelente indicação” afirmou Ângela Catão, colega de magistrado.
Daí dizer que Kássio recebeu a indicação com surpresa é balela, assim como acreditar no que disse Toffoli e Gilmar Mendes a respeito da ‘surpresa’ na indicação.
Quem indicou o nome de Marques foi o judiciário, o que revela que o Capitão Jair Bolsonaro tem sim um compromisso consigo mesmo de permanecer no poder pelo maior tempo possível.
Enquanto o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), trabalha pela aprovação rápida da indicação do presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF), senadores lavajatistas preparam um "dossiê" para levantar o histórico do desembargador Kassio Nunes Marques, seu posicionamento sobre temas polêmicas e envolvimento com investigados.
A Lava Jato encontrou cartão de visita de Kassio Nunes Marques em apreensão na casa de Lobão.
'A Polícia Federal encontrou, em agosto de 2016, um cartão de visita com o nome do desembargador Kassio Nunes Marques. A operação aconteceu na casa de Edison Lobão (MDB-MA)' (O Globo).
Evangélicos

André Mendonça, atual Ministro da Justiça, ignorado no processo de escolha do STF
Ao Estadão, a Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure), que anunciou apoio ao atual ministro da Justiça, André Mendonça na corrida por uma cadeira na Suprema Corte, havia criticado a sinalização em favor do desembargador. Mendonça é pastor da Igreja Presbiteriana Esperança, em Brasília, e desde que assumiu o cargo no governo passou a atuar em afinidade com a linha ideológica do presidente.
“Em que pese as qualidades do Desembargador Kássio, acreditamos que ele não é o melhor nome que se adeque ao perfil conservador de magistrado que o próprio Presidente Bolsonaro anunciou”, havia dito o advogado Uziel Santana, que dirige a entidade. “Acredito que o Presidente honrará sua base eleitoral, a começar por esta primeira indicação. E sobre o Ministro André, de fato, ele é o melhor nome neste momento”, completou.
Não honrou! Um presidente eleito por uma base evangélica que certamente está muito decepcionada com a indicação. O ministro ‘terrivelmente evangélico’ nunca existiu. E daí?
A família Bolsonaro e o poder

O presidente Jair Bolsonaro rodeado por seus filhos Eduardo, Flávio e Carlos
Jair Bolsonaro é um velho conhecido do Congresso Nacional. Permaneceu Deputado Federal por sete mandatos (1991 - 2018), tendo sido eleito através de diferentes partidos ao longo de sua carreira política.
Com seu prestígio, elegeu três de seus filhos: Flávio Bolsonaro é Senador da República (RJ); Eduardo Bolsonaro é Deputado Federal por São Paulo, embora tenha nascido e sido criado no Rio de Janeiro; Carlos Bolsonaro é vereador pelo Rio de Janeiro e tem o seu nome lembrado toda a vez que a morte da vereadora Marielle Franco (RJ) está em pauta. Ele tinha contra ela muitas desavenças.
Sobre esses seus três filhos pesam acusações de crimes ligados à administração pública e mais recentemente está sob holofotes suas ligações com as milícias do Rio de Janeiro.
Ou seja, caso não seja reeleito, Bolsonaro pai não conseguirá cumprir a promessa que fez a seus filhos, a qual foi revelada pelo Deputado Federal Eduardo Bolsonaro: "A gente fez um pacto: não vamos para a cadeia", frase que foi amplamente repercutida em 1 de novembro de 2018, quando já haviam sido eleitos em outubro daquele ano.
Café Maia e com o Centão

Bolsonaro vai à casa de Toffoli onde encontrou com Davi Alcolumbre e Kassio Marques
''Tomei café com Maia. E daí? disse Bolsonaro a apoiadores sobre o cafezinho que tomou com o ministro do STF, Dias Toffoli, e com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, no último sábado (3/10). Foi criticado por seus seguidores nas redes sociais.
Na manhã de hoje (5/10) Bolsonaro se encontrou com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Quando um apoiador questionou Bolsonaro hoje (5/10) no curralzinho da entrada do Palácio do Planalto se era difícil governar com o STF ele respondeu: "Não entro no detalhe, não entro no detalhe. É um Poder que respeito", afirmou.
Ou seja, esse é o presidente do disse e desdisse.
Agora é aguardar se o eleitor continuará compromissado o Sr. 'E daí' para reelegê-lo e à sua família, a quem ele protege com unhas e dentes.
*Silvana Marta de Paula Silva
Advogada e jornalista
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